O padrão de ECG ‘‘De Winter’’ é um equivalente ao IAMCSST que se apresenta sem elevação do segmento ST. Relatado pela primeira vez por Winter em 2008, é caracterizado por infradesnível do segmento ST e ondas T apiculadas nas derivações precordiais. O padrão ‘‘De Winter’’ é observado em aproximadamente 2% das oclusões agudas da artéria descendente anterior (ADA). O desconhecimento desse tipo de alteração do ECG pode levar a uma demora de encaminhar o paciente para sala de hemodinâmica com consequentes efeitos negativos na morbimortalidade.
O padrão ‘‘De Winter’’ deve ser reconhecido por cardiologistas e médicos que trabalham em setores de emergência. Os pacientes descritos com este padrão são em sua maioria jovens, do sexo masculino e com maior incidência de hipercolesterolemia em comparação aos pacientes com alterações eletrocardiográficas clássicas de IAMCSST. A explicação eletrofisiológica permanece desconhecida, porém teorias sugerem a presença de uma variante anatômica das fibras de Purkinje com atraso de condução endocárdica.
No manejo de pacientes com síndrome coronariana aguda, a elevação de segmento ST configura o principal marcador eletrocardiográfico de oclusão coronariana aguda. Porém, é fundamental que se valorize também o padrão “De Winter” como equivalente ao IAMCSST. Alguns autores sugerem que adaptações sejam feitas nas Diretrizes para contemplar esse tópico. Ondas T elevadas e simétricas constituem um sinal transitório e precoce de isquemia miocárdica, predominantemente da região subendocárdica, que no geral possui evolução rápida para o achado de supradesnivelamento de segmento ST. No entanto, essa evolução não é vista na maioria dos casos que exibem o padrão “De Winter”, que é considerado persistente ao longo do tempo. Ressalta-se que os níveis séricos de potássio nos casos descritos na literatura, incluindo este, encontravam-se dentro dos valores normais, uma vez que o diagnóstico diferencial da onda T simétrica e apiculada sabidamente inclui hipercalemia.
Critérios diagnósticos
- Ondas T apiculadas, proeminentes e simétricas nas derivações precordiais
- Depressão ascendente do segmento ST > 1mm no ponto J nas derivações precordiais
- Ausência de elevação do ST nas derivações precordiais
- Elevação do segmento ST (0,5mm – 1mm) em aVR