A terminologia FA valvar e não valvar confunde os médicos em todo mundo. A definição clara e atual da diretriz americana (2019) é que FA valvar se refere à FA no cenário de estenose mitral moderada a grave (potencialmente exigindo intervenção cirúrgica) ou na presença de uma válvula cardíaca artificial (mecânica).
A FA valvar é considerada uma indicação para anticoagulação a longo prazo com varfarina.
Para FA valvar não se calcula escore de CHA2DS2VASC, este só é usado para FA de etiologia não valvar. Por outro lado, a FA não valvar não implica a ausência de cardiopatia valvar.
Se o paciente tiver outro tipo de valvopatia que não seja estenose mitral de moderada a grave e/ou se for portador de prótese biológica ou plastia mitral classifica-se como Fibrilação atrial de etiologia não valvar.
Nos pacientes com FA não valvar, calcula-se o risco cardioembólico através do escore de CHA2DS2VASC.
- Pacientes com FA não valvar e um escore de CHA2DS2VASC de 0 em homens e 1 em mulheres não necessitam de anticoagulação.
- Para pacientes com FA não valvar com CHA2DS2VASC ≥ 2 em homens ou ≥ 3 em mulheres faz -se necessária a anticoagulação.
- Nos dois cenários acima, não há dúvida quanto a necessidade de anticoagular e de não anticoagular.
- Na zona ‘‘cinzenta’’ encontram-se os pacientes com FA não valvar e CHA2DS2VASC = 1 em homens e 2 em mulheres. Neste caso, devemos considerar a prescrição de um anticoagulante oral para redução do risco de AVC tromboembólico. Claro que neste cenário cinzento, devemos ponderar o risco-benefício. A diretriz considera estudos recentes de uma grande coorte de pacientes com FA, no qual observaram o benefício da anticoagulação entre pacientes com FA que têm fator de risco de FA não relacionado ao sexo (escore CHA2DS2VASC de 1 no sexo masculino e 2 no feminino). Os autores descobriram que pacientes não anticoagulados com escore CHA2DS2VASC de 1 em homens e 2 em mulheres tiveram um risco aumentado de eventos cardiovasculares durante o acompanhamento.
- Pacientes com FA não valvar que tenham escore CHA2DS2VASC ≥ 2 em homens ou ≥ 3 em mulheres e que tenham Doença Renal crônica (Clearence de Creat < 15 mL/min) considerar a administração de Varfarina (INR 2,0 a 3,0) ou Apixabana com dose corrigida (recomendação fraca – IIb – B).
Referência: Atualização focada da Diretriz Fibrilação Atrial 2019 AHA/ACC.