Métodos:
Os dados do estudo de coorte comparativo observacional LEGEND (Large-Scale Evidence Generation and Evaluation in a Network of Databases) foram utilizados na presente análise. Foram analisados dados de pacientes ambulatoriais e de internação que iniciaram monoterapia anti-hipertensiva nos Estados Unidos. Os dados de interesse foram o uso de Clortalidona e Hidroclorotiazida (HCTZ). Os desfechos primários foram infarto agudo do miocárdio (IAM), hospitalização por insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico, além de um resultado composto de doença cardiovascular, incluindo os três primeiros e morte súbita cardíaca. Os resultados secundários incluíram 51 resultados de segurança. A pontuação de propensão foi usada para estimar a probabilidade de exposição ao tratamento.
Resultados:
Um total de 730.225 adultos (idade média de 51,5 anos) foram incluídos na presente análise, dos quais 36.918 foram tratados com Clortalidona e 693.337 foram tratados com HCTZ. Entre o grupo da Clortalidona, foram identificados 149 eventos compostos. No grupo HCTZ, 3.089 eventos compostos foram identificados. Não foi encontrada diferença significativa no risco associado a IAM, hospitalização por insuficiência cardíaca ou acidente vascular cerebral. O resultado composto de IAM, hospitalização por insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico e morte súbita cardíaca também não foi significativo. A Clortalidona foi associada a um risco significativamente maior de hipocalemia, hiponatremia, insuficiência renal aguda, doença renal crônica e diabetes mellitus tipo 2. A Clortalidona foi associada a um risco significativamente menor de ganho de peso. Quando o tempo de risco passou para 91 dias após a primeira exposição ao medicamento, os resultados foram semelhantes. Quando a pressão arterial basal foi incluída nos modelos, os resultados também foram semelhantes.
Conclusões:
Os pesquisadores concluíram que o uso de Clortalidona não estava associado a benefícios cardiovasculares significativos quando comparado a HCTZ, mas estava associado a maior risco de anormalidades renais e eletrolíticas. Esses achados não apoiam as recomendações atuais de preferir a Clortalidona em relação à HCTZ no tratamento inicial da hipertensão.
Perspectiva:
Embora não seja um projeto controlado randomizado, esses dados do mundo real sugerem que a preferência pela Clortalidona pode ser questionada, especialmente, considerando que os efeitos adversos mais pronunciados foram observados mais com a Clortalidona do que com a HCTZ. Desta forma, faz-se necessário um ensaio clínico randomizado para que seja resolvido este questionamento.