O uso do anti-inflamatório colchicina no tratamento após um infarto agudo do miocárdio (IAM) nos 30 primeiros dias reduziu significativamente o desfecho composto de eventos cardiovasculares em comparação ao placebo num grande estudo randomizado.
No estudo COLCOT, foram estudados 4.745 pacientes com história de IAM recente, a colchicina em baixa dose de 0,5 mg/dia, diminuiu significativamente o risco de primeiros eventos cardiovasculares isquêmicos em 23% comparada ao placebo. Os pesquisadores também informaram que a colchicina reduziu a combinação de primeiro evento cardiovascular isquêmico e isquemia cardiovascular recorrente em 34%.
A colchicina foi bem tolerada. Houve mais náuseas no grupo da colchicina do que no grupo do placebo: 1,8% vs. 1,0%. Além disso, a incidência de pneumonia foi de 0,9% no grupo da colchicina vs. 0,4% entre os participantes recebendo placebo.
O estudo CANTOS (canaquinumabe vs placebo) foi outro trabalho que avaliou se o tratamento da inflamação vascular pode ser eficaz no combate à doença arterial coronariana crônica. Em CANTOS, canaquinumabe, um anticorpo monoclonal inibidor da interleucina-1β, reduziu o nível de proteína C reativa de alta sensibilidade e resultou em uma risco modestamente menor no desfecho final composto por morte por todas as causas cardiovasculares.
A colchicina é uma droga anti-inflamatória conhecida, muito barata, está no mercado faz tempo e parece uma opção razoável para reduzir mortalidade no IAM quando usada nos 30 primeiros dias após o infarto. A canaquinumabe ainda é uma droga extremamente cara, totalmente fora da realizada brasileira. De qualquer forma, tanto a colchicina como a canaquinumabe necessitam de mais estudos para avaliar sua eficácia e segurança na redução de desfechos cardiovasculares.
Referência: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1912388?query=featured_home